Texto Dramático
Segue sugestão de texto para trabalhar o gênero dramático na sua aula
Para trabalhar o gênero dramático, que tal propor à sua turma uma leitura divertida? Segue uma sugestão de texto tirada de uma comédia de Molière. Divida os personagens entre os alunos e boa aula!
O Médico
Personagens: Pedro, lenhador; Maria, sua mulher; O mensageiro do rei; O rei; A filha do rei
1o Ato
Cenário: Um jardim.
Pedro, armado de um pau, chama por Maria.
Pedro ― Maria! Maria! Você vem ou não vem? (Anda pelo palco, furioso) Maria! Ó Maria!…
Chega Maria, sua mulher, tremendo de medo.
Maria ― Pronto. Aqui estou… aqui estou…
Pedro ― Onde é que você andava, mulher? Na certa, tagarelando com as comadres faladeiras como você. Venha aqui que eu lhe mostro o que é desobedecer ao marido.
Com um pau, Pedro bate em Maria.
Maria ― Ui… Ui… Ui…. Deixe estar, malvado, que eu me vingo. Hoje mesmo eu me vingarei.
Sai resmungando queixas.
Pedro ― E agora irei à floresta arranjar um pau mais forte. Este aqui está ficando muito usado.
Sai. Entra o mensageiro do rei procurando alguém.
Mensageiro ― Ó de casa! Não há ninguém aqui?
Maria arrisca a cabeça.
Maria ― O que o senhor deseja?
Mensageiro ― Saber se este caminho vai até a cidade.
Maria ― Bem… É sim. É o caminho. Mas por que o senhor quer ir até a cidade? Fazer o quê?
Mensageiro ― Você quer mesmo saber? (Confidencial) Pois vou arranjar um médico para a filha do rei.
Maria ― Um médico para a filha do rei! Coitada… Ela está doente?
Mensageiro ― Muito doente. Está com uma espinha de peixe atravessada no gogó. Não pode nem beber nem comer!
Maria (À parte) ― Está na hora de eu me vingar de meu marido. (Alto) Senhor mensageiro, não é preciso ir à cidade. Meu marido é um ótimo médico.
Mensageiro ― É médico?
Maria ― É, mas…
Mensageiro ― Mas, o quê?
Maria (Aproximando-se dele e confidencialmente) ― Ele não irá se o senhor não lhe bater bastante. É uma Mania… Quanto mais apanha, melhor médico fica. É assim mesmo meu marido…
Mensageiro ― Onde está este homem? Quero levá-lo vivo ou morto, à presença do rei.
Maria ― Ele deve estar ali perto daquele bosque. Pode chamá-lo. O nome dele é Pedro.
Mensageiro ― Pedro! Pedro! Ó Pedro…
Maria desaparece.
Pedro ― Quem me chama?
Mensageiro ― Sou eu… Venha depressa encontrar-se com o rei.
Pedro ― Com o rei?! Por quê?
Mensageiro ― Ora! Porque você é um médico e o rei está precisando de um urgentemente.
Pedro (Furioso) ― Que tenho eu que o rei esteja precisando de um médico? É melhor você me deixar em paz e ir procurar o raio do médico em outro lugar.
Mensageiro ― Calma, Pedro, calma. (Aproximando-se) Sei que é preciso bater muito em você para… (Bem perto) Chegou o momento…
O mensageiro começa a bater vigorosamente em Pedro. Este grita, esperneia, foge e depois torna a gritar.
Pedro ― Chega! Chega! Eu vou! Eu vou!…
De vez em quando aparece Maria e dá umas risadinhas.
Maria ― (Para o público) Cada um por sua vez… Ah… ah… ah!…
Mensageiro (Batendo sempre) ― Ande, Pedro… Para o palácio do rei. Depressa!
2o Ato
Cenário: Palácio do rei
A princesa está recostada num canto, sofrendo. O rei anda de um lado para o outro, aflitíssimo. De vez em quando pára, olha a filha e suspira.
Rei ― O mensageiro está demorando muito… (Torna a andar) Estou ouvindo barulho.
Mensageiro (Falando baixo) ― Senhor rei, eu vos trago um famoso médico. Mas ele tem uma mania esquisita. Só trata dos doentes quando apanha muito.
Neste momento a filha do rei começa a andar, mas cai de novo.
Rei (Aflito) ― Então, pau nele, depressa!
Pedro ― Mas, rei, não sei nada de medicina.
Rei ― Não sabe, não? Ah!… (Para o mensageiro) Bata nele… vamos…
Pedro ― Ui… ui… ui…
Ele faz gestos, contorções, de tal maneira que a filha do rei começa a rir.
Filha do rei ― Ai, meu Deus! De tanto rir, a espinha saiu de minha garganta.
Pedro ― Senhor rei, vossa filha já está boa. Agora deixai-me voltar para casa.
Rei (Solene) ― Ainda não. Ainda Não. Você merece uma boa recompensa.
Pedro (À parte) ― Será que eles vão começar a me bater de novo? (Alto) Não senhor rei. Muito obrigado. Estou muito contente de ter prestado um serviço à princesa. Agora… quero… voltar!
Rei (Enérgico) ― Ainda não. Mensageiro, dê a este grande médico uma bolsa cheia de ouro e o acompanhe até sua casa.
Mensageiro ― Sim, senhor.
Pedro ― Muito obrigado… muito obrigado. Mas prefiro que o mensageiro não me acompanhe. Prefiro ir sozinho. (À parte) Como dói a gente apanhar! Prometo nunca mais bater na Maria!
Maria aparece, abraça Pedro e saem os dois, muito contentes.
Fim
Veja em INTERPRETAÇÃO DE TEXTO questões de interpretação referentes ao texto que acabou de ser apresentado.